9.22.2006

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VAGABUNDA DE SONHOS
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Distante Melodia
Num
sonho de Íris morto a oiro e brasa,
Vem-me lembranças doutro tempo azul
Que me oscilava entre véus de tule –
Um tempo esguio e leve, um tempo-asa
Então os meus sentidos eram cores,
Nasciam num jardim as minhas ânsias,
Havia na minha alma outras distâncias –
Distancias que o segui-las era flores...
Caía oiro se pensava estrelas,
O luar batia sobre o meu alhear-me...
– noites-lagoas, como éreis belas
– sob terraços-lis de recordar-me!...
Idade acorde de inter-sonho e Lua
Onde as horas corriam sempre jade,
Onde a neblina era uma saudade,
E a luz – anseios de Princesa nua ...
Balaústres de som, arcos de amar,
Pontes de brilho, ogivas de perfume...
Domínio inexprimível de ópio e lume
Que nunca mais, em cor, hei – de habitar...
Tapetes de outras Pérsias mais Oriente...
Cortinados de Chinas mais marfim...
Áureos templos de ritos de cetim...
Fontes correndo sombra, mansamente...
Zimbórios-panteões de nostalgias,
Catedrais de ser – eu por sobre o mar ...
Escadas de honra, escadas só, ao ar ...
Novas Bizancios –
Alma, outras Turquias...
Lembranças fluidas ...cinza de brocado ...
Irrealidade anil que em mim ondeia ...
Ao meu redor eu sou Rei exilado,
Vagabundo dum sonho de sereia...
Mário de Sá-Carneiro
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Unidentified artist

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